Foi identificado até 2.023 mais de 300 variações da droga denomina “K”, entre os mais comuns e recentes relatos de surgimento de usuários no Brasil estão a droga K9, K2 e k4. Todas com efeitos semelhantes sendo diferenciadas por suas composições moleculares por se tratar de uma substância psicoativa sintetizada em laboratório, a maior parte destes clandestinos.
Essa nova droga que está aterrorizando a população está classificada entre os canabinoides sintéticos, teve seu surgimento na Europa em 2.004 e foi até comercializado de forma legal por certo tempo vendido como sendo uma “mistura de ervas” que eram vendidas sob a marca “Spice”. Esses produtos eram fumados e rapidamente se tornaram populares entre os jovens. Somente em dezembro de 2.008, grupos de peritos e pesquisadores detectaram canabinoides sintéticos entre os princípios ativos dessas misturas
Conheça a história do k9, o chamado Spice no Brasil
Os setores e unidades técnico científicos da Polícia Federal receberam, entre os anos de 2.008 e 2.016, diversos materiais para serem examinados que, supostamente, continham uma “mistura de ervas”. De acordo com a descrição contida nas embalagens, tratava-se de uma combinação de plantas e extratos aromáticos que, quando queimada, produzia uma rica fragrância, levando a crer que seria algum tipo de incenso. Inicialmente esse material era apreendido por conter na descrição de sua composição a planta “maconha Brava”. Nos primeiros materiais recebidos, os peritos criminais federais procuraram exaustivamente por tetrahidrocanabinol (THC) ou outro canabinoide presente na planta Cannabis Sativa (maconha), o que não foi encontrado. A primeira identificação do canabinoide sintético feita pela Polícia Federal ocorreu só em maio de 2.009. Foi a substância JWH-018, apreendida em São Paulo, em uma operação realizada nesse ano. Cabe ressaltar que entre 2.008 e 2.016 muitos outros canabinoides sintéticos foram detectados em embalagens de “mistura de ervas” e até em formato de comprimidos, além disso, era comum encontrar mais de um canabinoide num mesmo material. Originalmente esses canabinoides eram encontrados principalmente em ervas misturadas acondicionadas em embalagens disfarçadas para serem vendidos legalmente longe do radar da polícia, porém quem comprava sabia que estava adquirindo uma droga semelhante a maconha mas que não se tratava dela. Essa substância psicoativa perigosa era adicionada a essa mistura de ervas trituradas por imersão ou pulverização, ou, ainda, em alguns casos, sua forma sólida (pó cristalino) era jogada diretamente sobre a erva, levando a uma mistura não homogênea. Em raros casos, como já citado, também eram encontradas na forma de comprimidos. Posteriormente também foi identificado a droga impregnada em papéis semelhantes ao LSD, porém atualmente nesta forma é mais comum encontrar em papéis simples ou de maior gramatura como cartolinas por exemplo, esse tipo de apreensão já foi realizado no interior de diversos presídios nacionais.
Dados coletados recentemente pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência sugerem que os problemas atribuídos ao K9 estão em constante crescimento. O custo relativamente baixo, a fácil disponibilidade e a alta potência parecem ter resultado em maior uso entre grupos marginalizados e populações prisionais, porém recentemente tem havido muitos relatos de dependência química no K9 entre a classe média e alta e também entre alunos em algumas escolas.
Devido à sua alta potência, o K9, K2, K4 e todas as suas demais variações moleculares representam um alto risco de grave envenenamento que pode ser fatal ao dependente químico que faz utilização da droga, inclusive já há registros de óbitos por overdose.
Conhecendo a Droga K9
Em entrevista à Rádio Band News FM o professor de psiquiatria da Unifesp, Dr. Tiago Fidalgo, explana um pouco mais sobre o conhecimento atual das drogas da classe K e esclarece algumas dúvidas a seguir:
Ainda não existem muitas informações científicas sobre as consequências do uso e abuso do K9, K2, K4 e seus similares por dependentes químicos. A potência e consequência do uso dessas novas drogas são tão preocupantes para a área científica e médica que o K2, por exemplo, foi intitulado nessa nomenclatura se referindo à montanha de nome K2 que é a segunda montanha mais alta do mundo e mais perigosa que o Everest, isso por si só já sinaliza os graves riscos que podem ser ocasionados pelo consumo de drogas da classe K.
O K9 e o K2 são vendidos de forma geral como se fossem uma maconha sintética, de fato possuem um mecanismo de ação muito semelhante ao da maconha que agem em alguns pontos do cérebro que são os mesmos onde atua a substância cannabis. Sendo assim podemos concluir que é semelhante, porém não é a mesma coisa pois é aí que entra um grande problema porque seu potencial de ação no organismo é muito mais forte e vai trazer muito, mas muito mais problemas e complicações para o dependente químico.
Como se Faz o Uso do K9?
O uso da droga k9 e seus derivados foram relatados ser da seguinte forma:
– Fumado;
– Vaporizado;
– Ingerido;
Porém é importante salientar que comumente a forma de utilização mais conhecida é a forma fumada.
Quais São os Efeitos do K9?
A literatura científica sobre ela ainda é muito escassa por se tratar de uma droga nova com diversas mudanças moleculares ao longo do tempo. A maioria dos efeitos catalogados são por meio de pessoas e usuários que relatam suas experiências em relação ao consumo do k9, sendo estes:
– Relaxamento;
– Bem-estar;
– Alteração da percepção do mundo ao redor causando graus de alucinações, percepção de cores mais vivas e texturas mais intensas.
– Por ser muito mais potente que a maconha existe o risco de desenvolvimento de quadros psicóticos, por se buscar uma potencialização dos efeitos, onde o dependente químico “sai da realidade” de uma forma muito intensa e traumática assemelhando-se a uma ruptura com a realidade, podendo ainda alguns desses quadros psicóticos serem irreversíveis;
– Sentimento de perseguição e audição de vozes inexistentes;
– Ver coisas que não são reais;
– Falar assuntos totalmente desconexos.
A maconha pode ser um gatilho para uso do k9?
O grande diferencial quando falamos da droga K, em relação a maconha, é que o K9 é sintetizado em laboratório e produzido através de extração natural da substância diretamente da planta cannabis, que é o caso da maconha. Assim sendo suas moléculas vão sendo constantemente manipuladas para que apresente uma ação cada vez mais e mais intensa em seus usuários aumentando o risco do dependente químico desenvolver quadros psicóticos de natureza grave irreversíveis.
A maconha pode sim ser considerada como possível gatilho para o dependente químico experimentar e migrar para as drogas sintéticas da classe K, buscando uma potencialização daquele efeito ao qual já está habituado a sentir com a utilização da cannabis.
O K9 Mata?
Sim, já há relatos de óbito decorrentes do uso de K9, K2, K4 e seus similares por overdose e por envenenamento, por ser sintética nunca se sabe exatamente o que o dependente químico de fato consumiu devido à sua manipulação ocorrer em “laboratórios de fundo de quintal” muitas outras substâncias podem ser adicionadas na sua composição bem como diversas outras alterações moleculares podem ter sido realizadas, podendo ainda, além desse perigo, haver a mistura com querosene, gasolina e pó de mármore, dentre outros ainda desconhecidos.
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